Nos últimos anos da década de 1920 e início dos anos 1930, a aviação comercial começava a se expandir no Estado. As lideranças do município de Ijui não ficaram indiferentes a esse acontecimento e iniciaram um movimento no sentido de que esse benefício também chegasse até aqui. Um dos primeiros passos foi encontrar uma área adequada, que servisse para o pouso e decolagem de aviões. Entre os diversos locais cogitados, achou-se mais apropriado um campo situado a leste do marco da carta geral militar do Alto da União.
Um piloto da Varig foi convidado a visitar o local e, segundo consta do relatório do então prefeito municipal, Antônio Soares de Barros, o coronel Dico, exercício de 1934, este campo pelo seu declive suave em todas as direções e a grande altitude, foi considerado pelo piloto da Varig, campo de primeira classe"
Vencida essa etapa inicial, e ainda, segundo o citado relatório, para aplainar o terreno, foi mandado fazer uma navalha, cujo custo foi de 120$000 e a mão de obra de destocamento e aparelhamento, importaram em 2.183$100".
Transcorria ainda o ano de 1934, quando um avião Livramento, da Varig, pousou no primeiro campo de aviação de Ijuí, acontecimento que atraiu ao local um grande número de curiosos. A distância desse campo de aviação da cidade era de 10 quilometros em linha aérea e pela estrada de rodagem de 13 quilometros, percurso este que, segundo registrava o mesmo relatório, era feito em menos de 20 minutos. Desde a inauguração, o movimento de passageiros era considerado regular. Outro importante benefício alcançado, a partir das viagens regulares de avião, era o transporte de correspondência aérea, que teve um aumento considerável.
Não demorou muito para que um novo campo de aviação fosse preparado no município para receber aviões. Este se localizava na vila Itai que, a partir dos últimos anos da década de 1930, ganhou um grande incremento de progresso, com sua estação balneária, cassino e hotéis, recebendo um fluxo apreciável de visitantes, inclusive autoridades estaduais. Em março de 1940, o jornal "Correio Serrano" divulgava informações dos srs. Schüller & Cia., agentes da Varig no municipio, de que a linha áerea Porto Alegre-Santa Cruz do Sul-Cruz Alta seria estendida até Itai, às terças e sextas-feiras.
No ano de 1946, Emílio Zimpel ofereceu, ao município, uma área de terras de sua propriedade, na Linha 2 Oeste, para que fosse localizado um novo campo de aviação. Depois de uma preparação da área, ali chegou a acontecer uma festa aviatória, com o pouso de um pequeno avião. Era um domingo de muito sol. Apesar do intenso calor e da poeira muita gente foi ao local apreciar a novidade. Porém, essa iniciativa não prosperou.
O dia 14 de dezembro de 1940 registra o início da história da aviação em Ijuí quando foi fundado aeroclube por um grupo de entusiasmo entusiasmados ijuienses, entre eles Juvenal Leonardo, Guilherme Clemente Kohler, Aristeu Pereira, Alerante Siqueira, Ademar Porto Alegre, Alcindo Gomes, Álvaro Nicofé. A entidade tinha como objetivo principal a construção do aeroporto e o funcionamento de uma escola de pilotagem, por longo tempo foi mantido um terreno nas proximidades da linha 3, reservado para o campo de treinamento dos futuros alunos.
A ideia custou muito a se concretizar apesar de todo entusiasmo. A construção do hangar somente foi possível em 1955, com recursos do Aeroclube, sendo que o Aeroporto Municipal Salgado Filho foi custeado pelo Município que o conserva até hoje.
Em maio de 1963 foi reorganizado o Aeroclube de Ijuí, tendo o DAC - Departamento de Aeronáutica Cívil autorizado ou funcionamento da Escola Elementar de Pilotagem, que já formou 34 pilotos em Ijuí. Muitos destes hoje trabalham com táxi-aéreo ou atuam como instrutores em outros aeroclubes e alguns possuem seus aviões próprios.
O prevê é a iniciação na viação. Depois vem o aperfeiçoamento, como por exemplo, piloto comercial. Mas, para quem estiver interessado em tornasse piloto, aqui vai o roteiro.
A primeira coisa a ser feita é dirigir-se ao Aeroclube que fornece as instruções sobre o exame médico necessário. A seguir, vem a preparação para o exame teórico, que engloba conhecimentos de Meteorologia, Navegação Aérea, Motores, Física, Regulamentação de Vôos e, enfim, tudo que diz respeito à aviação. A segunda etapa é a prática, quando o aluno passa a voar, acompanhado de instrutor e abrange o mínimo de 40 horas. Tanto o exame teórico, como prático, são prestados a uma banca do DAC, em Santa Maria. O aluno somente fará o exame prático, após aprovado em todas as matérias do teórico.
O custo total do curso de pilotagem, fica por volta de três mil cruzeiros e pode ser concluído em um ano, dependendo da capacidade e do interesse do aluno.
A aviação cresce de importância no Brasil, à medida em que o progresso exige deslocamentos mais rápidos e para pontos mais distantes. Em 1972, o Brasil importou 300 aviões de turismo e aprovou somente 120 pilotos comerciais. para salientar ainda mais a falta de mão-de-obra no campo da aviação, basta lembrar a procura quase desesperada da Varig, de elementos técnicos. Os revendedores das aeronaves Cessna no Rio Grande do Sul recebem pedidos em demasia, e atualmente atendem os pedidos como demora de sete a nove meses.
A aviação também é um campo rendoso, pois um piloto profissional está recebendo de três a cinco mil cruzeiros, mesmo em nossa região. Comparando-se um elemento formado por faculdade, que leva quatro a cinco anos para ser formar, e um piloto, que não necessita mais que ginásio e, dependendo do seu interesse pode formar-se em apenas um ano, um salário elevado demonstra uma procura de mão-de-obra maior que a oferta.
Muito jovens dirigem-se aos aeroclubes buscando não a profissionalização, mas a isenção do serviço militar, considerando que a legislação assegura esta opção.
O aeroclube de Ijuí é o grande responsável pela existência na região de um parque aeroviário, que continua enriquecendo. Atualmente a sede social com dependências para as aulas teóricas e práticas, está localizada junto ao hangar, no Aeroporto. Seis alunos preparam-se para os exames teóricos e três estão na fase final, devendo prestar exames práticos, dia 24, em Santa Maria.
O DAC não dá auxílio aos aeroclubes. Fornece apenas aviões para instrução, dependendo conservação e manutenção dos recursos próprios da entidade. Um dos aviões, PP-GOP, paulistinha, de instrução, encontra-se atualmente em Novo Hamburgo para recuperação. Outro, PT-AHU, também paulistinha, aguarda a volta do primeiro, para ser recuperado. Os alunos estão recebendo instruções num avião cedido temporariamente pelo Aeroclube de Candelária.
A Escola de Pilotagem de Ijuí é proprietária de um Cessna 182, 4 lugares, comprado com recursos da comunidade e que brevemente será permutado por um avião novo, vindo diretamente dos Estados Unidos.
O custo total da aeronave será de duzentos mil cruzeiros, devendo portanto o Aeroclube acrescentar na troca mais noventa mil cruzeiros. A aquisição conta com isenções alfandegárias por ser tratar de escola de aviação.
A atual diretoria está cogitando a criação em Ijuí de uma escola de Pilotos Agrícolas, especializados em vôos noturnos, tendo em vista o interesse que ultimamente vem despertando a pulverização aérea e principalmente a noturna. Não desconhece, entretanto, que o vou noturno ainda não foi homologado de todo. A legislação brasileira não permite o vôo noturno de avião monomotor e também proíbe os vôos noturno de aviões estrangeiros.
Presidente Rui Grimm; Vice, Celso Pereira Gomes; Secretario, Zulmir Thomé da Cruz; Tesoureiros, Jolmar Antonio Basso e Rolf Hohn; Diretor Técnico, Harmin Bruno Lackmann; Diretor de Material, Waldir Schulz e Diretor Social, Joao Wassermann. Conselho Fiscal: Alberto Sabo, Remi Bruno Eidt e Arnaldo Macagnan.